Num banco junto à parede,
fértil e escura como terra lavrada,
os olhos adormecendo no incenso
que a tomava pela cintura
e lhe dava o cansaço
da madrugada.
Os cabelos negros enredando o frio
que vinha de fora
pela porta que alguém esquecera aberta
mostrando ao fundo o rio
e a laranjeira despida
pela geada.
Morte
em ambos os lados da porta
dando entrada
e súbito o dia
e depois
mais nada.
Rui Lage (Oporto, Portugal, 1975). Doctor en Lenguas Romances. Asesor de la Comisión Parlamentaria sobre Ética, Sociedad y Cultura. Editor, crítico literario, traductor y poeta.