Como algum meu avô navegador
pintei no mapa uma ilha que ninguém sabia,
e agora tenho de ir, seja lá como for,
e outros irão depois e dirão que existia.
Navego para o norte ou singro para o sul
pois com qualquer estrela eu irei sempre bem,
o céu é azul, o mar é azul,
nada importa dizerem que a gente vai, mas que
[depois não vem.
Eu ergo e sigo os astros do meu céu.
Nem assim chega o mundo todo nosso.
Mas não direi que o medo me perdeu,
e outros virão depois fazer o que eu não posso.
Caminhos por mim feitos mesmo em mapas errados!
no mundo sempre desconhecido diante de mim,
só esses sustém os mundos sonhados
e não têm fim.
António José Branquinho da Fonseca (Mortágua, Portugal, 1905 – Cascais, Portugal, 1974 ). Bibliotecario. Poeta, novelista, autor de narrativa breve y dramaturgo.